A chupeta adulta, o que o fenômeno viral revela sobre estresse, regressão emocional e posicionamento de imagem

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Nas últimas semanas, um fenômeno inusitado vem chamando atenção nas redes sociais e gerando debates que vão muito além do que parece à primeira vista. Vídeos no TikTok e Instagram mostram jovens e adultos usando chupetas adaptadas ao tamanho de um adulto, com o argumento de aliviar o estresse, ajudar a dormir melhor e até substituir o cigarro.
A tendência, que ganhou força principalmente na China, está se espalhando pelo mundo e dividindo opiniões. Alguns encaram como piada. Outros veem como um sinal preocupante de como lidamos com nossas emoções, pressões e identidade no século XXI.

Mas afinal, o que leva um adulto a recorrer a um símbolo tão infantil para buscar conforto? E, mais do que isso: o que isso comunica sobre posicionamento de imagempercepção de valor e a forma como nos apresentamos ao mundo?

Da China para o mundo


Segundo reportagens do South China Morning Post e do New York Post, as chupetas adultas surgiram no mercado chinês como um acessório curioso, vendido por preços que variam entre 10 e 500 yuans (aproximadamente R$ 7 a R$ 350). Inicialmente, eram compradas como presente irônico ou peça de fantasia. No entanto, relatos de usuários começaram a mostrar outro uso: como ferramenta para acalmar a mente e o corpo.

Alguns compradores declararam que o ato de chupar a chupeta os fazia sentir uma “sensação de segurança da infância”, especialmente em momentos de pressão no trabalho. Outros afirmaram que a chupeta os ajudava a largar o cigarro, reduzindo a ansiedade oral associada ao vício.

O movimento rapidamente encontrou palco no TikTok, onde vídeos curtos de pessoas usando o acessório no transporte público, no escritório ou em casa começaram a viralizar. O algoritmo amplificou o conteúdo, mesclando humor, estranhamento e debates acalorados.

Entre o meme e o sintoma social


O sucesso nas redes sociais se explica pela mistura perfeita entre impacto visualelemento inusitado e potencial de discussão. A imagem de um adulto vestido formalmente com uma chupeta na boca causa, ao mesmo tempo, riso e desconforto. E esse é exatamente o tipo de conteúdo que prende atenção e gera comentários.

No Instagram, influenciadores começaram a postar fotos com o objeto, ora como forma de ironia, ora como expressão estética “alternativa”. No LinkedIn, curiosamente, a conversa tomou outro rumo: profissionais discutem se o uso de símbolos infantis em público é uma forma legítima de lidar com o estresse ou se compromete a credibilidade e a autoridade de quem o adota.

Essa dualidade engraçado para uns, preocupante para outros revela muito sobre como imagem e comunicação não verbal são percebidas. A escolha de usar um objeto associado à infância, ainda que com uma justificativa terapêutica, envia sinais claros ao observador: de vulnerabilidade, fuga, excentricidade ou até provocação social.

O olhar do posicionamento de imagem


Dentro da mentoria de posicionamento de imagem que aplico, sempre reforçamos que imagem é leitura simbólica. O que você veste, os acessórios que escolhe, a postura que adota tudo comunica.

No caso da chupeta adulta, a mensagem é forte e imediata, existe uma ruptura entre a fase de vida e o símbolo utilizado. Essa ruptura provoca curiosidade, mas também questiona a maturidade, o profissionalismo e a coerência com o papel social desempenhado.

Na primeira imagem que acompanha este blog, vemos essa dualidade de forma explícita, metade do rosto de um homem de terno e gravata, transmitindo autoridade e seriedade; a outra metade com camiseta infantil e chupeta na boca, remetendo à infância e à vulnerabilidade. Essa construção visual é poderosa justamente porque representa o choque que sentimos ao ver esse comportamento na vida real.

Quando um símbolo infantil é trazido para o contexto adulto, o cérebro processa isso como incongruência e, no mundo do branding pessoal, incongruência na imagem é risco para a percepção de valor.

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Regressão e fuga


Psicólogos entrevistados por portais como Vice e Hindustan Times explicam que recorrer a objetos da infância pode ser um mecanismo de regressão emocional  uma forma inconsciente de lidar com estresse intenso, voltando a um estado em que nos sentíamos protegidos e livres de responsabilidades.

Embora a regressão possa trazer alívio temporário, ela não resolve o problema de origem. Pelo contrário: pode reforçar padrões de evasão, evitando que a pessoa enfrente os desafios reais de forma madura e assertiva.

Aqui entra um ponto essencial: não é a chupeta em si que é o problema, mas o que ela simboliza. Em vez de trabalhar o controle emocional por meio de práticas como terapia, meditação ou exercícios físicos, parte das pessoas encontra conforto em algo que as desconecta da realidade um escape que, por mais “fofo” que pareça, pode indicar fragilidade emocional.

Os riscos físicos do hábito


Além das questões simbólicas e psicológicas, médicos e dentistas alertam para riscos físicos do uso prolongado de chupetas adultas:

  • Alterações na mordida (como mordida aberta anterior)

  • Problemas na fala devido à pressão constante sobre língua e dentes

  • Mudanças no alinhamento da arcada dentária

  • Potencial de problemas respiratórios ao dormir com o objeto na boca

Esses riscos, somados ao aspecto social, reforçam a necessidade de olhar para essa tendência com senso crítico.

A recepção do público, entre o riso e a preocupação


Monitorando comentários no TikTok e no Instagram, é fácil notar dois grandes grupos de reação:

  • Os que acham engraçado: veem como moda passageira, meme ou “estratégia de marketing pessoal” para chamar atenção.

  • Os que se preocupam: percebem como sintoma de uma geração sobrecarregada, que recorre a escapes pouco saudáveis.

No LinkedIn, a tendência é avaliada com mais seriedade, debatendo impacto na reputação profissional, coerência de imagem e a fronteira entre autenticidade e perda de autoridade.

O que isso ensina sobre branding pessoal


Para quem trabalha sua imagem com estratégia, a lição é clara: cada símbolo que escolhemos carregar diz algo sobre nós, mesmo que não falemos uma palavra.

O uso da chupeta adulta, intencional ou não, é uma narrativa visual que:

  • Pode gerar alto engajamento nas redes, pela curiosidade

  • Mas também pode minar a credibilidade e a autoridade

  • Revela como símbolos carregam histórias e emoções que moldam a percepção pública

Se a sua meta é ser visto como líder, referência ou especialista, cada elemento do seu visual precisa estar alinhado à mensagem que quer transmitir. E isso vale para qualquer detalhe do corte de cabelo à gravata, do relógio à cor do blazer.

O fenômeno da chupeta adulta é um espelho curioso da nossa sociedade: hiperconectada, sobrecarregada e constantemente em busca de alívio rápido. No entanto, ele também mostra como estamos dispostos a transformar quase tudo em conteúdo, mesmo que isso signifique expor fragilidades e criar incoerência entre quem somos e a imagem que projetamos.

Rir é fácil. Compartilhar é tentador. Mas a pergunta que fica é: o que sua imagem está comunicando sobre você?

Se o objetivo é transmitir confiança, maturidade e liderança, talvez a chupeta seja melhor deixada no passado e substituída por símbolos que reforcem o seu verdadeiro posicionamento.

Fontes:

  1. South China Morning Post: “Adult pacifiers trending in China as stress relief and sleep aid”

  • New York Post: “Stressed adults use pacifiers for comfort, sleep”

  • Hindustan Times: “Dark side of adult pacifiers: Doctors warn adults using dummies to combat stress induce sleep”

  • Vice: “These stressed-out adults are turning to adult pacifiers”

Sua imagem fala antes que você abra a boca.
Em um mundo onde qualquer gesto pode se tornar viral, escolha símbolos que reforcem a autoridade que você deseja construir.

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Acesse o Instagram @jonathaspare e descubra como transformar a percepção sobre você antes mesmo de dizer uma palavra.